quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quando um dos gêmeos morre no útero

Perder um dos bebês é uma coisa que ocorre com frequência?

Existe mais de um motivo para a perda de um dos bebês, já que a gravidez de gêmeos pode ter mais complicações que a de bebê único. 

Uma das ocorrências mais comuns de perda de um bebê gêmeo é quando a gravidez gemelar é detectada num ultrassom bem no começo da gestação, e no exame seguinte um dos bebês simplesmente desaparece. 

O que acontece nesses casos é que um dos bebês para de crescer e se desenvolver. Por causa da tecnologia cada vez mais avançada dos ultrassons, muitas vezes dá para detectar a presença de dois sacos gestacionais já com 5 semanas. 

Vinte por cento das gestações gemelares diagnosticadas cedo assim acabam se tornando uma gravidez de bebê único até o marco de 12 semanas. 

O que acontece quando um dos gêmeos morre dentro da barriga?

Quando isso acontece no primeiro trimestre, o outro bebê continua a se desenvolver normalmente, e os níveis de hormônio permanecem elevados, o que impede que haja o aborto espontâneo. Pode haver, no entanto, um pouco de sangramento vaginal, sem que o outro bebê seja prejudicado. 

Conforme o embrião que sobrou vai se desenvolvendo, a bolsa em que ele está envolto ocupa todo o espaço do útero, e o outro saco gestacional acaba sendo absorvido pelo organismo da mulher. 

O fato de não haver grandes sintomas não alivia a tristeza dos pais. Cria-se uma grande expectativa com a descoberta da gravidez de gêmeos, e é difícil "mudar de canal". 

Quando a perda do bebê acontece durante o segundo ou o terceiro trimestre, os médicos podem decidir manter a gravidez do outro feto até que ele fique forte o suficiente para nascer. A mãe será monitorada com atenção para que seja detectado qualquer sinal de problemas, como uma infecção. 

Ao menor indício de que a saúde do bebê remanescente está em risco, os médicos decidirão fazer o parto. Na grande maioria dos casos a criança nasce saudável, mas há um risco ligeiramente maior de ela apresentar problemas cerebrais. 

Para algumas pessoas, a ideia de que o bebezinho continua dentro da barriga mesmo sem o coração estar batendo é muito perturbadora. Para outras, é de certo modo reconfortante, pois prolonga o convívio. Vale a pena pedir ajuda especial ao médico, ao hospital ou à equipe de psicologia hospitalar para a programação do parto, nesse tipo de situação. 

Para mais informações, leia nosso artigo sobre quando o bebê morre dentro da barriga. 

Muitos pais pedem para saber se o bebê (no caso de gêmeos do mesmo sexo) era idêntico ao outro ou não. É uma informação que pode ajudar a guardar lembranças da criança que morreu, e que pode ser útil também em caso de pesquisa de problemas genéticos. 

O luto pela morte de um dos bebês

Não importa quantos bebês houvesse dentro da barriga. Para os pais cada um deles é igualmente importante. Mas é bem provável que você ouça, da família e dos amigos, que precisa se alegrar com o bebê que restou. 

São duas as tristezas quando se perde um dos gêmeos: pela perda do bebê em si, e pela perda de uma experiência diferente, a de ter dois (ou mais) bebês ao mesmo tempo. 

A dificuldade aumenta porque os pais não podem se concentrar na dor da perda de um dos bebês, porque precisam cuidar do outro, que ainda por cima pode estar em condições frágeis de saúde. 

Com tudo isso, é possível que a tristeza só vá aparecer mesmo algum tempo depois, ou que volte um dia inesperadamente, com mais força. Para muitos pais, datas festivas como aniversário, Natal, "primeiros" (primeiro dente, primeiro passo...) acabam reacendendo a dor pela perda do outro bebê. 

É normal ter sentimentos contraditórios. Eles podem ser: 

• negação: acreditar, por exemplo, que os médicos se enganaram, e que no final os bebês vão nascer saudáveis. 

• culpa: por que foi este bebê que morreu, não o outro? Pais que tiveram medo da experiência de criar gêmeos, ou que preferiam um sexo específico, podem se sentir culpados, como se tivessem "causado" a morte do bebê. 

• nervosismo: os pais podem achar que não vão conseguir se relacionar direito com o bebê que sobreviveu. 

• medo: e se o outro bebê ficar doente e morrer também? 

• sentimento de fracasso: o fato de esperar gêmeos é de certa forma um sinal de status, por ser diferente, e o nascimento de um bebê só pode acabar sendo um pouco anticlimático. 

Dar nome ao bebê que morreu e falar sobre ele pode ajudar a superar a dor. Amigos e familiares não devem ter medo de mencionar a perda, fingindo que aquilo não aconteceu e pensando só no bebê saudável. A presença do bebê que restou não alivia a dor dos pais pela perda do outro filho. 

Devo contar ao meu filho que ele tinha um irmão gêmeo?

Em algum momento, no futuro, você terá de decidir se vai contar ou não. O mais recomendável é contar o quanto antes, e falar sobre o que aconteceu. Há famílias que se referem ao bebê que morreu pelo nome e guardam imagens de ultrassom, dependendo da fase em que a perda ocorreu. 

A maneira como pai e mãe lidam com a situação serve de guia para os outros parentes e amigos. É verdade que é um assunto muito triste, mas que não deve ser evitado a todo custo ou enterrado no passado. 

E se eu não conseguir me recuperar da tristeza?

Se alguns meses já se passaram e você não está conseguindo levar a vida, ou se seu dia-a-dia fica cada vez mais difícil, converse com um médico. Pode ser até o obstetra, ou um médico conhecido da família, ou um psiquiatra. 

Para toda morte, existe um tempo de luto normal. Se a tristeza se estender por um período maior do que o esperado, pode se tratar de uma depressão, que pode ser abordada com terapia e ou medicamentos. A gravidez e o pós-parto já são um período mais propenso à depressão (leia nossos artigos sobre depressão na gestação e depressão pós-parto). 


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