Perder um bebê, seja durante a gravidez ou nas primeiras horas de vida, é uma dor indescritível para toda a família, mas, ainda assim, muitos homens sentem que seu luto acaba ficando em segundo plano.
O problema é que, geralmente, a sociedade e, muitas vezes, os próprios pais, esperam que se assuma numa situação dessas uma atitude de força e apoio a todos ao redor e à mãe, o que torna sua dor bastante solitária.
"Existe o conceito de que os homens têm que ser durões e capazes de conter suas emoções. Só que, neste momento, só tenho vontade de chorar. Nunca me senti assim antes", desabafou um leitor do BabyCenter.
A verdade é que, diante da perda, família, amigos e colegas de trabalho podem sem querer deixar de prestar atenção ao pai e não oferecer o carinho de que ele também tanto precisa.
Outra dificuldade é que os homens tendem a não contar com o mesmo círculo de amizades que muitas mulheres têm e se acostumam a só depender do ombro amigo da parceira nas horas complicadas. Aí, com a mulher fragilizada por sua própria dor, o homem pode sentir que não tem mais com quem conversar, e decide guardar sua tristeza lá no fundo.
Como cada pessoa vive o luto de forma única, muitos casais percebem também que suas reações à perda são bastante diferentes, gerando certo conflito. Um dos parceiros pode, por exemplo, querer retomar "a vida normal" o quanto antes, enquanto o outro precisa de mais tempo para se recuperar emocionalmente, o que não significa, de jeito nenhum, mais ou menos dor de uma das partes.
"Não queria demonstrar nada na frente da minha mulher por medo de que fosse fazê-la se sentir pior. Só que finalmente entendi que ficar calado é que estava piorando as coisas para mim e para ela, porque eu parecia distante e desinteressado", relatou ao site outro pai que passou por uma perda.
A vida sexual do casal é também um aspecto que acaba sendo afetado. Para um homem, por exemplo, o sexo pode ser fonte de conforto e proximidade com a parceira em um momento tão dolorido, ao passo que para a mulher pode ser uma assustadora lembrança da perda que sofreu.
Em todas essas situações, contudo, a coisa mais importante é manter o diálogo aberto, respeitando, claro, o jeito de ser de cada um. Não dá para exigir horas a fio de papo de alguém com personalidade mais reservada ou esperar que o parceiro precisando desabafar se contenha em uma fase tão doída. Tenha em mente que:
• os sentimentos e necessidades de cada parceiro nem sempre são iguais
• a maneira como cada pessoa expressa e lida com a dor é única
• diferenças não indicam que a perda foi mais fácil ou difícil para um ou o outro
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