quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sentimentos que se seguem a uma perda



Os dias, as semanas e os meses após a perda de um bebê são extremamente difíceis e dolorosos, com sensações alternadas de tristeza, choque, luto, depressão, culpa, raiva, ressentimento e vulnerabilidade. 

Você pode se sentir distante e irritada, incapaz de se concentrar, comer ou dormir direito. Às vezes uma exaustão física também se apodera de você, tornando qualquer tarefa ou movimento um fardo. 

Com o passar do tempo, haverá horas ou até dias em que você começará a retomar a vida normal, para, de repente, ter uma recaída de tristeza. Lembre-se: cada pessoa reage às perdas de um jeito diferente, e não há modo certo ou errado de se sentir. 

Tenha em mente, contudo, algumas coisas: 

• Aceite seus sentimentos. Você poderá se surpreender por sentir raiva ou ressentimento em relação a amigas ou parentes que tenham gestações bem-sucedidas ou bebês em casa. Ou você poderá se achar um fracasso como mulher, acreditar que seu corpo a traiu ou até que você não esteve à altura do bebê e decepcionou seu parceiro ou as outras pessoas. 

Outro sentimento comum é se responsabilizar pela perda, como se ela pudesse ter sido evitada por algum gesto seu. 

A melhor maneira de lidar com esse tipo de culpa ou julgamento tão duro contra si mesma é falar abertamente com seu companheiro e pessoas próximas sobre o que aconteceu, e sobre como isso está afetando você. Uma conversa com o médico sobre os motivos que levaram ao abortamento também ajuda certas mulheres a compreender melhor as circunstâncias e aceitá-las como externas à sua vontade. 

• Permita-se sentir tristeza. Não tente impor um fim à tristeza. Muitas pessoas vão tentar ajudá-la dizendo que "o próximo vem logo" ou que o melhor é "tocar a vida", mas a verdade é que você precisa lidar com a dor à medida que ela lhe toca. Pode ser que demore mais até que você tenha vontade de retomar uma vida normal, e, mesmo quando isso ocorrer, lembranças difíceis continuarão vindo à tona. Alguns pais e mães voltam a sentir a perda mais fortemente na época em que o bebê estava programado para nascer ou em alguma comemoração familiar. 

• Peça uma licença do trabalho. Mesmo que esteja fisicamente recuperada, passar algum tempo afastada do trabalho poderá lhe fazer bem. É preciso ter um momento para processar com o que aconteceu. A mulher tem direito a 15 dias de licença remunerada pelo INSS em caso de aborto até a 23a semana de gravidez. Se a perda tiver acontecido a partir da 23a semana, o direito ao afastamento é equivalente ao da licença-maternidade, ou seja, de no mínimo 120 dias remunerados (6 meses no caso de funcionárias públicas). 

• Tente entender que a perda pode afetar seu parceiro de uma forma diferente. Se seu companheiro não parece tocado pela perda da mesma maneira que você, talvez ajude saber que homens e mulheres geralmente expressam tristeza e dor de maneiras bem diferentes. Enquanto as mulheres tendem a se abrir e buscar apoio, os homens costumam interiorizar seus sentimentos. 

Além disso, muitos homens acreditam estão "zelando" pelas parceiras ao permanecer durões. Caso seu companheiro não demonstre tanta tristeza, tente não achar que se trata de descaso por você ou pelo bebê. 

• Esteja preparada para uma certa tensão sexual no relacionamento. Alguns casais consideram que a relação sexual os conforta e confirma o amor de um pelo outro. Outros, por outro lado, ficam tristes, um tanto "anestesiados", temerosos por uma futura gestação ou simplesmente assustados. Às vezes, depois de alguns meses (converse com seu médico sobre isso), um dos parceiros quer voltar a tentar engravidar, enquanto o outro ainda não está pronto. O melhor é tentar manter um diálogo sincero sobre o assunto e respeitar o tempo de cada um. 

• Converse com outras pessoas. A dor de uma perda costuma ser um assunto extremamente íntimo e solitário. Mas, embora seja difícil, conversar sobre o que aconteceu pode ajudar a diminuir a solidão. Sem falar em o quanto você se surpreenderá de ouvir inúmeras histórias semelhantes de amigas, familiares, colegas de trabalho e vizinhas. Só tenha em mente que, mesmo dentro de sua própria família, as reações à perda serão diferentes e nem sempre no tom que você considera adequado e na intensidade de que precisa. 

• Compreenda por que algumas pessoas preferem manter distância. Muitas pessoas ficam absolutamente aterrorizadas diante de emoções fortes e da tristeza, e não sabem como se portar ou o que dizer para alguém que acabou de perder um bebê. Para elas, é mais fácil evitar contato ou tentar ignorar ou minimizar o que ocorreu. Esse tipo de atitude pode gerar mágoas profundas. Tente, no entanto, pensar que esse tipo de atitude não é fruto de nada que você tenha feito, nem falta de carinho. 

Se com o passar dos meses você ainda sentir muita dificuldade em ir retomando a rotina, ou se considerar que seu estado emocional piorou, converse com seu médico ou peça recomendação a conhecidos sobre um terapeuta. Uma ajuda especializada poderá muni-la das ferramentas emocionais necessárias para enfrentar melhor a perda.



Gravidez ectópica

O que é uma gravidez ectópica?

Ectópica significa "no lugar errado", portanto é uma gestação que se desenvolve fora do útero. Na maioria dos casos de gravidez ectópica (95 por cento), a implantação acontece em uma das tubas uterinas (ou trompas de Falópio), e por isso ela também é conhecida como gravidez tubária. Conforme a gravidez se desenvolve, surgem dores e sangramento, e, se a situação não for identificada, a trompa pode se romper, provocando hemorragia interna. 

Nesse caso, trata-se de uma emergência que pode ser fatal. Não há como o embrião sobreviver -- é impossível transferi-lo para o útero. Ele tem de ser removido.

Quando ela pode acontecer?

A gravidez ectópica costuma ser observada entre a 4a e a 10a semana de gestação; os sintomas normalmente começam a aparecer cerca de duas semanas depois do atraso menstrual.

Por que ela acontece?

Depois de o óvulo ter sido fertilizado, o zigoto geralmente leva entre quatro e cinco dias para percorrer a trompa até o útero, onde se implanta e começa a se desenvolver. O motivo mais comum de uma gravidez ectópica é uma lesão na tuba uterina, que bloqueia ou estreita a passagem do óvulo fertilizado. Com isso, ele se implanta na parede da tuba.

Quem corre risco?

A gravidez ectópica pode acontecer com qualquer mulher, mas certas circunstâncias fazem com que a probabilidade aumente. Entre elas estão: 

• Se você já teve doença inflamatória pélvica (causada com mais freqüência pela infecção sexualmente transmissível por clamídia), já que ela pode deixar lesões e cicatrizes nas tubas uterinas. Os médicos encontram sinais de doença inflamatória pélvica em cerca de metade das gestações ectópicas que necessitam de cirurgia. 

• Se você tem endometriose tubária. Você pode ser mais propensa porque ela aumenta o risco de cicatrizes e aderências nas trompas. 

• Se você já foi submetida a qualquer cirurgia abdominal, incluindo retirada do apêndice, cesariana ou operações nas trompas, como o religamento para a recuperação da fertilidade. 

• Se você tiver engravidado por fertilização in vitro (FIV) -- você deve fazer um ultra-som logo no começo da gravidez para verificar onde o embrião se implantou. 

• Se você usa um DIU que libera progesterona ou se estava tomando a pílula de progesterona conhecida como minipílula ou pílula de amamentação. Estudos associaram os dois métodos a uma pequena elevação da ocorrência de gravidez ectópica. 

• Se você é fumante. 

• Se você já teve uma gravidez ectópica -- seu risco passa de 1 por cento para 10 por cento. 

O risco de gestação ectópica aumenta conforme a idade.

Quais são os sintomas?

Pode ser difícil reconhecer uma gravidez ectópica, já que os primeiros sinais são parecidos com os que normalmente são associados à chegada da menstruação ou a uma ameaça de aborto, como cólicas e pequeno sangramento. 

Vários sinais, no entanto, podem ajudar a identificar uma gravidez ectópica, entre eles: 

• Sangramento vaginal incomum. O sangue muitas vezes é diferente do da menstruação normal -- pode ser mais intenso ou menos intenso, talvez mais escuro que o normal e mais aguado. 

• Dor forte e persistente em um dos lados do abdome é um sintoma comum. Se você sentir esse tipo de dor e existir a possibilidade de estar grávida, deve ir ao médico. 

Se a gravidez ectópica não for diagnosticada logo, e a tuba uterina for dilatada pelo embrião até o ponto de se romper, você pode apresentar os seguintes sintomas: 

• Dor súbita e forte que vai se espalhando pelo abdome. 

• Transpiração, tontura ou sensação de desmaio, diarréia ou sangue nas fezes. 

• Desmaio ou choque em consequência de grave hemorragia interna. 

• Dor no ombro. Isso pode acontecer se uma hemorragia interna estiver irritando outros órgãos do corpo, como o diafragma.

O que fazer?

Se você sentir qualquer um desses sintomas, vá imediatamente ao médico ou ao hospital. Se a trompa tiver rompido, você será levada imediatamente para a sala de cirurgia, mas na maioria dos casos as gestações ectópicas são diagnosticadas cedo e á possível fazer exames para, se necessário, programar a cirurgia. 

Você deve ser submetida a um ultra-som intravaginal para localizar a implantação, e a exames de sangue para detectar o nível do hormônio gonadotrofina coriônica (hCG). O resultado mostrará se você está grávida e se os níveis de hCG estão abaixo do normal, o que é sinal de gravidez ectópica. Às vezes o ultra-som não é conclusivo, e você pode ter de fazer outro em alguns dias. 

A observação seriada do hCG, ou seja, dois exames de sangue com intervalo de 48 horas, é uma boa indicação: se o nível do hormônio não aumentar 66 por cento em 48 horas, a possibilidade de ser uma gestação ectópica é de 85 por cento. Outra indicação é que, com nível de hCG acima de 3000 mui/ml, o saco gestacional normalmente é visível no útero pelo ultra-som. 

Se os médicos suspeitarem de gravidez ectópica mas ela não tiver sido confirmada pelo ultra-som, você pode ser submetida a um exame laparoscópico. Nele, uma pequena câmera é inserida em seu abdome através de um corte pequeno, a fim de verificar suas tubas uterinas.

Qual é o tratamento?

Se a gestação ectópica for diagnosticada, o cirurgião pode usar a laparoscopia para remover a gravidez, mantendo a tuba intacta se ela puder ser recuperada. A laparoscopia é mais vantajosa em relação à cirurgia abdominal, porque é uma operação mais rápida, com perda menor de sangue, menos analgesia e tempo menor de internação. 

Se a trompa tiver se rompido, os médicos costumam recomendar a cirurgia abdominal, porque ela é o meio mais ágil de conter a perda de sangue. Em alguns casos uma transfusão de sangue pode ser necessária. 

O que determina se a tuba será totalmente retirada ou não é a extensão da lesão na trompa, a saúde de sua outra tuba e seu desejo de engravidar novamente. 

Numa pequena porcentagem de mulheres, geralmente quando a trompa foi poupada (cerca de 4 por cento em cirurgias por laparoscopia e 8 por cento em cirurgias abertas), a gravidez continua a se desenvolver e é necessário um tratamento com a droga metotrexato, que interrompe a gravidez, ou uma nova cirurgia para removê-la. 

O metotrexato também pode ser usado para tratar a gestação ectópica no lugar da cirurgia. O tratamento é mais eficaz quando a gravidez é bem recente, e os níveis de hormônio ainda estão baixos. Ele pode ser adotado quando não há sangramento e a trompa não se rompeu. A gravidez termina e o material embrionário é reabsorvido pela mulher, que apresentará sangramento por algumas semanas. 

Em alguns casos, quando a gravidez ectópica é identificada logo, mas sua localização exata ainda não foi descoberta, os médicos podem adotar a estratégia de esperar para ver o que acontece sem tratamento. Muitas gestações ectópicas evoluem para um aborto espontâneo, especialmente quando não há sinais de saco vitelino e os níveis do hormônio da gravidez são bem baixos. Nesses casos, a simples observação da evolução evita a cirurgia enquanto não ficar claro que ela é absolutamente necessária. Em cerca de 25 por cento dos casos a cirurgia acaba acontecendo.

Minha fertilidade será afetada?

A resposta é sim, provavelmente. 

Se suas trompas não tiverem sido danificadas pela gravidez ectópica, suas chances de voltar a engravidar continuam iguais. Se uma das tubas tiver se rompido ou tiver sofrido lesões extensas, sua chance de engravidar de novo diminui, especialmente se a outra trompa estiver comprometida pela doença inflamatória pélvica ou pela endometriose. 

Cerca de 65 por cento das mulheres engravidam de novo até um ano e meio depois de uma gestação ectópica, mas, se suas duas trompas tiverem se rompido ou apresentarem lesões, talvez você tenha que pensar na possibilidade de uma fertilização in vitro (FIV).

Quais são as chances de ter outra gravidez ectópica?

O risco de ter outra é de 10 a 15 por cento. É difícil fazer generalizações sobre o risco, porém, devido às diferenças entre as circunstâncias de cada pessoa e entre a extensão das lesões. 

É aconselhável marcar uma consulta com seu médico e pedir orientações claras sobre suas gestações futuras. 

Não há muita coisa que se possa fazer para evitar uma nova gravidez ectópica. Se seu caso tiver sido causado por uma infecção por clamídia, no entanto, você pode tomar antibióticos para tratá-la e evitar novos danos a suas trompas. 

Quando você engravidar de novo, vá ao médico assim que puder. Você deve ser submetida a um ultra-som para verificar se a gravidez está se desenvolvendo no lugar certo.

Quanto tempo tenho de esperar para tentar de novo?

Mulheres que foram submetidas a uma laparoscopia normalmente têm de esperar entre três e quatro meses para tentar engravidar de novo. Se você sofreu uma cirurgia abdominal, é melhor esperar seis meses para que haja a cicatrização completa.


Gravidez após um aborto espontâneo

Como manter uma atitude positiva ao engravidar de novo?

Se já teve no passado uma gestação que acabou em aborto espontâneo (o que é o caso de 1 em cada 5 gestações), se deu à luz um natimorto ou teve algum outro problema sério, a alegria de uma nova gravidez pode vir acompanhada de muito medo. 

Apesar da nova chance, você não consegue parar de se perguntar se, desta vez, as coisas serão diferentes. É natural ter temores, mas veja a seguir algumas dicas para tentar melhorar seu estado emocional e passar a curtir a nova gravidez. 

• Um dia de cada vez. Quando a preocupação tomar conta de você, pare e procure pensar só naquilo que ocupa o seu dia de hoje. 

• Descubra o que aconteceu. Se a perda na gravidez anterior foi devido à chamada gestação anembrionada (ou "ovo cego") ou a uma fragilidade do colo do útero, procure ler bastante e se informar o máximo possível sobre tais condições. Quando entender direitinho o que levou ao fim daquela gestação, você se sentirá mais no controle da atual. 

Infelizmente, muitos abortos espontâneos e casos de natimortos não têm explicação. A boa notícia, contudo, é que o histórico de um ou até dois abortos espontâneos no passado eleva apenas ligeiramente seu risco de voltar a sofrer outra perda. A grande maioria das mulheres que perderam um bebê consegue ter outras gestações completamente normais e saudáveis. 

• Compartilhe com seu parceiro o que está sentindo. Não se feche, achando que tem que superar a dor sozinha. Seu companheiro passou pela perda também. 

• Converse com o médico com frequência. Consultas pré-natais regulares podem ajudá-la a se tranquilizar de que tudo está correndo bem. Caso você tenha mudado de médico, não deixe de contar os detalhes sobre a perda. Além de os dados serem importantes para montar seu histórico médico, farão com que o obstetra compreenda melhor sua insegurança e a ajude a superá-la. 

Tive um aborto espontâneo no ano passado e estou grávida de novo. Por que não me estou feliz?

Talvez leve algum tempo até que você consiga curtir sua gravidez. É completamente normal para uma mulher que passou por um abortamento ficar ansiosa e temer que acontecerá tudo de novo, especialmente até que o estágio em que houve a perda seja ultrapassado. 

Não é preciso tentar fingir que o aborto anterior não aconteceu. Permita-se sentir tristeza e pesar, e chore sempre que tiver vontade. Ninguém tem que ser feliz o tempo inteiro. 

Não consigo parar de pensar que minha gestação anterior terminou em aborto espontâneo. O que fazer para me acalmar?

Tente lembrar que cada experiência na vida é única. É importante refletir sobre o que aconteceu e principalmente entender o que passou, mas também é necessário se preparar para o bebê que está por vir. 

Algumas mulheres têm a sensação de que a nova gestação não é real, enquanto não passam do estágio onde a anterior terminou. A partir daí, começam a encarar a situação de forma bem mais positiva. E, claro, cada novo exame mostrando o coraçãozinho do bebê batendo ou os movimentos fetais fará você se sentir mais confiante.


Aborto espontâneo

Os abortos espontâneos são comuns?

A perda de um bebê nas primeiras 24 semanas de gestação é um fato mais comum do que se imagina. Embora seja difícil precisar, entre 15 e 20 por cento das gestações de que se tem registro terminam em aborto espontâneo. 

Às vezes a mulher sofre um aborto sem nem saber que estava grávida. Estudos indicam que até 50 por cento dos óvulos fertilizados sejam perdidos nos estágios mais iniciais da gravidez. 

Mais de 80 por cento dos abortos espontâneos ocorre antes das 13 primeiras semanas. Em casos mais raros, a perda acontece bem mais tarde. 

Como saber se corro algum risco?

Segundo pesquisas, as chances de um aborto espontâneo são maiores de acordo com: 

• idade - mulheres mais velhas correm mais risco de ter bebês com anormalidades cromossômicas e, como consequência, abortamentos; depois dos 40 anos, a probabilidade de um aborto espontâneo praticamente dobra em relação à faixa dos 20 anos 

• histórico de abortamentos anteriores (dois ou mais consecutivos) e de problemas congênitos ou genéticos em outros filhos ou na família 

• problemas no útero ou no colo do útero 

• presença de certas infecções - há estudos que indicam um risco maior de aborto se a mulher contrai ou é portadora de listeriose, caxumba, rubéolacitomegalovírus, gonorreia, sífilisHIV, entre outras 

• hábito de fumar, beber e consumir drogas - mulheres que fumam e bebem excessivamente e usam drogas como cocaína e ecstasy durante a gestação podem ter risco maior de aborto espontâneo; algumas pesquisas também mostram uma ligação entre o consumo de quatro ou mais xícaras de café por dia e o risco aumentado de aborto 

• uso de certos medicamentos, incluindo antiinflamatórios não-esteróides 

• diabetes, doença renal ou problemas de tireóide (embora o risco seja bem menor quando essas condições estão sendo monitoradas) 

O que provoca um aborto espontâneo?

Na maior parte dos abortos espontâneos de início de gravidez, é muito difícil especificar os motivos. É provável que ao menos metade dos casos ocorridos no primeiro trimestre de gravidez deva-se a anormalidades cromossômicas que impediram o desenvolvimento normal do feto. 

Um dos exemplos é a gestação anembrionada, quando o embrião não chega a se desenvolver. Outro é a gravidez molar. 

Abortos espontâneos após 20 semanas podem ser consequência de uma infecção ou de alterações no útero ou na placenta, ou ainda devidos à chamada insuficiência cervical (o colo do útero não é forte o suficiente para se manter fechado até a hora em que o bebê está pronto para nascer). 

Dois dos exames usados para detectar anormalidades em bebês -- a amniocentese e a biópsia do vilo corial -- também podem causar abortos espontâneos, em casos raros. A amniocentese em até 1 por cento das mulheres, e a biópsia, em até entre 1 e 2 por cento. 

Como saber se estou sofrendo um aborto espontâneo?

Os sinais mais claros são cólicas semelhantes às menstruais e sangramento forte, que pode incluir coágulos. Mas o aborto pode ocorrer sem que se perceba. O sangramento vem e parece que a menstruação só atrasou. Quando isso acontece, o exame de sangue ou de urina para detectar a gravidez chega a dar positivo, mas o embrião não se implanta corretamente no útero. Esse fenômeno é às vezes chamado de "gravidez química". 

O ultrassom é o exame que diagnostica a perda do bebê. O embrião ou feto aparece sem movimentos e sem batimentos cardíacos, no caso de aborto retido. Ou então aparece vazio, se a gestação já tiver sido eliminada. 

Se o exame de ultrassom for feito muito cedo, porém, com cerca de 5 semanas de gestação, pode ser que não dê para ver o embrião ou os batimentos cardíacos. Nesse caso, o médico pode mandar repetir o ultrassom depois de uma semana. 

Tive um sangramento leve e quero saber se é sinal de problema.

A diferença no caso de sangramento em um aborto espontâneo é realmente a quantidade de sangue, já que a presença de um pouco de sangue na calcinha ou no papel higiênico depois de urinar é comum no início da gravidez. 

Nem todo sangramento mais volumoso é sinal de aborto, mas, independentemente do volume de sangue, procure seu médico imediatamente. Uma das preocupações do médico será descartar a possibilidade de uma gravidez ectópica, que pode ser perigosa para você. 

O médico vai pedir um ultrassom para descobrir o que está acontecendo. 

É possível diminuir riscos e evitar um aborto espontâneo?

Se você já teve um aborto espontâneo, o médico poderá sugerir algum tipo de repouso nos primeiros meses da gestação, embora não haja provas de que isso tenha algum impacto real. 

No caso de você já saber que um aborto anterior foi causado por um problema no colo uterino chamado insuficiência do colo, o médico poderá realizar uma sutura na região para mantê-la fechada até que o bebê esteja desenvolvido e pronto para nascer -- um procedimento conhecido como cerclagem. 

O que devo fazer se souber que perdi o bebê mas ainda não houve um aborto espontâneo?

Discuta com seu médico a melhor forma de lidar com a situação, levando em conta seu estado físico e emocional. As alternativas são esperar o aborto acontecer por si só, em casa, ou se internar para fazer uma curetagem, que remove os restos da gravidez cirurgicamente. 

Se não houver risco imediato à sua saúde, é possível esperar o abortamento acontecer naturalmente (isso ocorre para mais da metade das mulheres até 15 dias depois de descobrir a inviabilidade da gravidez). 

Nesse caso, o médico pode receitar analgésicos para o caso de haver cólica forte. Depois que o aborto acontecer, você será examinada para ver se toda a gestação foi eliminada. 

Em alguns casos, medicações podem acelerar o processo de abortamento natural, embora haja o risco de efeitos colaterais como náusea, vômitos e diarreia. E mesmo com o uso de remédios sempre há a possibilidade de você ter que se submeter à curetagem depois. 

A curetagem será a primeira escolha do médico caso você esteja com forte sangramento ou sinais de infecção. Ele é realizado no hospital, mas a alta costuma ser no mesmo dia ou no dia seguinte. 

Saiba que, em caso de aborto espontâneo antes da 23a. semana, a mulher tem direito a duas semanas de afastamento remunerado do trabalho.
 


O que significa uma gestação anembrionária

A gravidez anembrionária (ou anembrionada) acontece quando, ao fazer uma ultrassonografia, no primeiro trimestre da gravidez, o saco gestacional aparece vazio, sem embrião dentro. É o chamado "ovo cego", ou seja, o óvulo fertilizado implantou-se no útero, mas o embrião não se desenvolveu. 

Esse tipo de gravidez pode acontecer com qualquer mulher, e a maioria delas consegue ter gestações normais depois. 

Pode não haver nenhum sinal, como dor ou sangramento, de que a gravidez não está se encaminhando como deveria. Os hormônios podem fazer a mulher se sentir ainda grávida, embora às vezes os níveis comecem a cair, diminuindo as mudanças no corpo (os seios podem ficar menos sensíveis, por exemplo). Geralmente, a mulher só fica sabendo que algo está errado quando passa pelo primeiro ultrassom

Apesar de as causas não serem totalmente identificadas, a gestação anembrionária costuma ser considerada um acidente da natureza. Quando um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, as células começam a se dividir. Algumas se desenvolvem em forma de embrião, outras em forma da placenta e do saco gestacional. 

Em alguns casos, a parte do óvulo fertilizado que deveria se tornar o bebê não vai para a frente (provavelmente porque aconteceu um erro durante a fertilização e há cromossomos demais ou de menos), mas a que se destinaria à placenta e às membranas continua crescendo dentro do útero. 

O corpo não reconhece que o saco gestacional está vazio, já que os hormônios da gravidez ainda estão sendo produzidos (o que impede que haja um aborto espontâneo). 

Durante a ultrassonografia, o médico mede o saco gestacional e procura sinais do embrião. Se o saco gestacional medir mais de 25 mm e não houver indícios do embrião, o diagnóstico provavelmente será de ovo cego. 

No caso de o diâmetro do saco ser menor que 25 mm, pode ser que a gestação esteja em um estágio menos avançado do que você imaginava, e um novo ultrassom será realizado em uma ou duas semanas para tirar a dúvida. Se nessa etapa o embrião ainda não aparecer, o diagnóstico será confirmado. 

Uma gestação de 12 semanas normal (abaixo) 












Um ovo cego em uma gestação de 12 semanas (abaixo) 

O choque de descobrir que a gravidez não está progredindo conforme o previsto é enorme, e poderá ser muito difícil entender e aceitar o que aconteceu. Talvez você não queira tomar as providências médicas necessárias logo de cara. 

É seguro aguardar por um aborto espontâneo até que os índices dos hormônios da gravidez baixem sozinhos, mas isso pode levar muitas semanas. Se você já teve algum sangramento ou secreção mais amarronzada, pode valer a pena esperar pelo fim natural da gravidez. A maioria das mulheres, no entanto, acaba realizando uma curetagem uterina, um procedimento feito sob anestesia em que a mulher recebe alta hospitalar no mesmo dia. 

Uma vez que a gestação tenha chegado ao fim, você passará a menstruar normalmente e poderá tentar engravidar de novo, de acordo com as orientações de seu ginecologista. 

A maior parte das mulheres que engravida de novo tem uma gestação normal na vez seguinte. A realização de uma ultrassonografia mais cedo poderá tranquilizá-la. Uma vez que o batimento cardíaco do bebê é identificado, a gravidez é considerada viável, e as chances de sucesso são bem maiores. 

Mas é importante não fazer o ultrassom cedo demais, com 5 ou 6 semanas, porque o exame pode trazer mais dúvida que tranquilidade.

Gravidez molar

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O que é uma gravidez molar?

Trata-se de uma rara complicação da gestação que ocorre quando algo dá errado durante o processo de fertilização na concepção, gerando anormalidades nas células que formarão a placenta. A gravidez molar (também conhecida como mola hidatiforme) faz parte de um grupo de condições chamado tumores trofoblásticos gestacionais. Eles costumam ser benignos (não-cancerígenos) e, embora possam se espalhar para além do útero, são tratáveis com sucesso. 

Em uma gravidez normal, o óvulo fertilizado contém 23 cromossomos do pai e 23 da mãe. Em uma gestação molar completa, o óvulo fertilizado não possui cromossomos da mãe, e os do espermatozóide do pai são duplicados. Nesse caso, não há embrião, membrana amniótica nem qualquer tecido placentário. No lugar deles, a placenta forma uma massa de cistos que se assemelha a um cacho de uvas e pode ser vista em uma ultra-sonografia. 

Na maioria das gestações molares parciais, o óvulo fertilizado tem o conjunto normal de cromossomos da mãe, mas o dobro dos do pai, havendo um total de 69 cromossomos, em vez de 46. Isso pode acontecer quando os cromossomos do espermatozóide são duplicados ou quando dois espermatozóides fertilizam o mesmo óvulo. Nesses casos, há tecido placentário junto com os cistos, e o embrião começa a se desenvolver. Mas, mesmo que ele esteja presente, é importante saber que não é um embrião normal, e não terá condições de sobreviver e virar um bebê. 

É assustador terminar uma gestação dessa forma, porém, com tratamento adequado e acompanhamento médico, você não deverá ter sequelas físicas de longo prazo.

As gestações molares são comuns?

Nos países ocidentais, 1 em cada 1.000 gestações é molar. Nos asiáticos, este tipo de gravidez é mais comum, embora não se saiba ao certo quais são os motivos. Mulheres com tipo sanguíneo B têm maior risco de uma gravidez molar.

Como saber se tenho uma gravidez molar?

Bem no comecinho, você poderá ter sintomas normais de gravidez, mas, em algum momento, haverá sangramento (lembrando sempre que os sangramentos não são necessariamente sinal de algum problema grave na gestação e que muito raramente indicam gravidez molar). O sangramento pode ser contínuo ou não, forte ou leve, e poderá ocorrer a partir de 6 semanas e até com 16 semanas. 

Fortes náuseas e vômitos, além de inchaço abdominal, também podem ocorrer. Os níveis do hormônio da gravidez, o hCG, serão muito mais elevados do que o normal. 

Às vezes o que acontece é um abortamento espontâneo normal, e, quando a mulher é submetida à curetagem, o material retirado é submetido a exame anátomo-patológico e só então se descobre que se tratava de mola.

Qual o tratamento para uma gestação molar?

Você poderá precisar realizar uma curetagem, a fim de retirar todo o tecido anormal, ou receberá remédios específicos para provocar a expulsão do tecido embrionário. Em alguns casos, uma segunda curetagem é realizada para remover sobras de tecidos. 

Seu médico pedirá uma série de exames, e os níveis do hormônio da gravidez serão monitorados (quando não houver mais nenhum crescimento anormal no corpo, os níveis do hormônio hCG serão praticamente zero).

Implicações a longo prazo

Dependendo das circunstâncias, é muito importante monitorar uma gestação molar por cerca de seis meses após o diagnóstico, porque minúsculas quantidades de tecido podem crescer e se espalhar rapidamente pelo corpo -- o que, às vezes, ocorre meses depois do tratamento. Por isso é fundamental manter o controle dos níveis de hCG, feito em exames de sangue. 

Em alguns casos, uma mola hidatiforme invasiva poderá se desenvolver após a curetagem, quando o tecido molar cresce na camada de músculo do útero. O sintoma mais comum é sangramento contínuo ou irregular depois da curetagem. Esse tipo de tecido pode migrar pela corrente sanguínea para órgãos mais distantes, incluindo pulmões, fígado e cérebro. 

A gestação molar invasiva é mais comum em casos de gestação molar completa do que nas parciais. 

Em situações mais raras, células anormais permanecerão no corpo após a retirada do tumor, o que é conhecido como doença trofoblástica gestacional persistente. Ela acontece em menos de 15 por cento das mulheres com gravidez molar completa e em menos de 1 por cento das com gravidez molar parcial. O tratamento é feito através de quimioterapia, para garantir que a doença não se espalhe para além do útero. Com os cuidados adequados e na hora certa, quase 100 por cento dos casos são tratados quando o tumor ainda não se ampliou para outras partes do corpo. Mesmo nos casos mais raros da doença, em que ela já atingiu outros órgãos, o prognóstico ainda é excelente. Uma vez em remissão, os níveis do hormônio hCG serão monitorados pelo resto da vida. 

Em raríssimos casos, uma gestação molar completa pode levar a um coriocarcinoma, uma forma extremamente incomum, porém tratável, de câncer. Ele ocorre em 1 de cada 30 mil gestações, e pode ser fruto tanto de uma gravidez molar quanto de uma normal ou de um aborto espontâneo.

Quando poderei engravidar de novo?

Se você não se submeteu a um tratamento de quimioterapia, terá que esperar até seis meses depois que os níveis de hCG zeraram para voltar a tentar. No caso de ter feito quimioterapia, a recomendação é geralmente esperar um ano. 

As chances de voltar a ter outra gravidez molar são cerca de 1 a 2 por cento. 

Lembre-se de que a grande maioria dos casos de gestação molar não compromete a capacidade de a mulher voltar a engravidar, mesmo as que se submeteram a quimioterapia



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